Opinião: O rock não morreu!

Há quem diga que o rock já bateu as botas há muito tempo. Há quem diga que ele ainda está vivo, mas que não anda bem das pernas. E há também aqueles que dizem que quem foi rei jamais perde a majestade. Verdade seja dita, o rock não é mais como era antes em seus áureos tempos de submarinos amarelos, sapatos azuis de camurça, névoas roxas, álbuns brancos, cachorros pretos, zepelins de chumbo e pedras rolantes.

Desde que o mundo é mundo a renovação se faz presente no dia-a-dia das pessoas, seja num produto novo, numa estação de rádio diferente na hora do rush ou num novo aplicativo para o celular. Com os adventos do petróleo e da globalização, o mercado e por conseguinte as pessoas, tornaram-se consumidores ávidos de novidades num mundo onde a maioria preza pela velocidade em detrimento da qualidade. Não que o rock só produzisse obras primas, de forma alguma. Não sou saudosista e nem hipócrita a tal ponto... Mesmo porque, todas as eras artísticas tiveram, têm e terão suas cotas de porcaria. Só me refiro ao fato de certos gêneros terem uma incrível capacidade - diria que até uma proficiência - em produzir material de qualidade BOSTA.

Mas o que seria "qualidade"? Segundos os japoneses da era Toyota de produção mundial, qualidade é aquilo que é de interesse do cliente e o que o faz escolher determinado produto e não outro. Ora, se as pessoas querem de fato consumir aquilo que as faz bem, sem ligar se terceiros subjugam sua inteligência como massa de manobra midiática, tudo bem! Cada um que cuide da sua própria vida. Você é o que come. E por que não, também aquilo que consome.

Reflexo desse movimento sociocultural também se vê, por exemplo, na dita fase de ouro do rock "mais revoltado", a partir dos anos 80. Sei que vão me xingar, mas que bandas como Guns 'n' Roses, KISS, AC/DC, Twisted Sister, Metallica e booooooa parte do britrock, fizeram do nome das bandas, verdadeiras marcas e empresas nas quais o capital superou a arte em determinado momento.

TODO ESTILO MUSICAL tem uma fórmula básica para se fazer sucesso. Bandas assim se aproveitam disso, muito manipuladas por produtores, agentes e gravadoras, para tentarem se manter na crista da onda por longos períodos. Mas a culpa nem sempre é das bandas. Lamentavelmente, uma hora o músico tem que se sujeitar às pressões do mercado e quem não se sujeita, leva um belo caldo e fica à deriva. Por essas e outras que faço questão de valorizar as (boas) bandas novas, independentes, com qualidade musical e poética... O rock não está morto. O rock estará sempre vivo nas noites, nas bandas de barzinho, garagem, nos vídeos amadores na internet... As coisas boas não morrem, apenas se escondem a espera de que alguém as descubra de novo.

"A cada 20 anos as pessoas descobrem que algo legal aconteceu a 20 anos atrás". - Edgard Scandurra.